domingo, 18 de abril de 2010

A Cidadania da maçãs.

Hoje fiquei revoltada no supermercado. Fui participante de uma situação que revela as entranhas do nosso povo.

Num supermercado classe média baixa, a mulher a minha frente escolhe as maçãs Gala – R$ 1,70 o quilo, uma oportunidade. As aprovadas pela mão dela vão para o saco plástico, as reprovadas ela joga para cima de volta para a prateleira de maçãs. Não consigo controlar minha indignação, falo para ela – Hei! Não jogue para cima as maçãs que você não quer, assim elas vão ficar pretas e depois não vão servir para ninguém. Sabe o que ela responde? - Só me faltava essa. Dentro da minha estupidez idealista não afino, repito parte da frase, ao que ela responde, - Não, não vou jogar para cima, vou jogar para baixo.

Sabem o que esta situação idiota nos mostra, que este é o retrato do nosso povo, não importa a classe social, ninguém pensa em que vem atrás. É como a irritante experiência de se entrar num banheiro sujo com aquela plaquinha – Deixe em ordem para o próximo usar (algo assim).

Ninguém pensa no próximo: que vai escolher maçãs, que vai usar o banheiro, que vai querer usar o acento público ao lado do varão espaçoso que não pode comprimir seus testículos.

Isso não é cidadania. Não confunda, é o caráter do brasileiro, que sabe, por exemplo, que no vale tem uma fonte ou poço e constrói uma fossa lá em cima, o resto que se dane. Que estaciona colado no carro ao lado impedindo o motorista do lado de entrar no carro. Que leva o cachorro para passear e não cata caca.

Mas a pior vingança do destino é você voltar pelo mesmo caminho e pisar no coco do seu cachorro que vocezinho não catou. É vindo a chuva carregar sua casa do alto do morro que sua excelência desmatou, é tomar uma bofetada na cara do seu filho que você não deu limites.

Infelizmente o brasileiro deve ser o povo com a maior circunferência abdominal, folgado, incivilizado, dotado de jogo de cintura para o mal, empurrador com a barriga.

Não é o “mundo” que está acabando, estamos vendo apenas a conseqüência da falta de limites, de compromisso e respeito para com o próximo. Esta é a lei da natureza, se você planta banana, vai colher banana, só louco imagina que a banana plantada vai dar laranja. O brasileiro se porta assim. Vota em bandido de carteirinha depois adora meter o pau na política no almoço de domingo.

Cidadão respeita cidadão, não joga maçã para cima, Dona Maria! Não desmata o morro, não faz xixi na tábua e no chão, não senta com as pernas abertas, não fura fila, não destrói patrimônio público, mantém seus cachorros na coleira e dá limite para seus filhos.

Não adianta dormir sonhando com um Brasil melhor, precisamos de mais ação e menos contemplação. Ser cidadão não é só ter direito ao voto, mas é conhecer também nossos deveres, dever de conviver bem, afinal o homem é ao que se sabe uma espécie social!

Nenhum comentário:

Postar um comentário